Um exemplo de mulher que faz da vida um desafio diário, com muita superação e vontade de viver. Assim é a Luciana Siqueira Hubinger (@lu50mais), de 55 anos, natural aqui de Campinas, cidade que ela ama.
Portadora de uma artrite reumatoide, que a obriga a constantes sessões de quimioterapia, Lu faz da fé e amor à família sua força. É a trajetória de uma mulher que, quando da descoberta da doença, só queria viver para participar da formatura acadêmica das filhas. E conseguiu.
Lu é pedagoga com pós graduação em psico-pedagogia, tendo se aposentado em 2016 com 32 anos de profissão de professora e coordenadora pedagógica de Escola particular e Prefeitura Municipal de Campinas. Depois de aposentada, ministra cursos e palestras.
Ela teve uma infância de muito amor em família e completamente saudável, de intensa atividade, tendo feito aulas de dança, especialmente Jazz. A única mulher de uma família de quatro irmãos, Lu já na vida adulta praticava muita academia, fazia aulas de Spinning e participava de maratonas, tendo conquistado dezenas de medalhas pelas participações.
Casada com um analista de sistema, Lu teve duas filhas. “Sonhos da minha vida, minhas bênçãos”, afirma. Com as filhas entrando na adolescência, começaram a surgir as primeiras dores pelo corpo, sendo detectado artrite reumatoide depois de seguidos exames. Foi o primeiro momento desafiador da sua vida, no qual precisou reduzir o ritmo as atividades.
Superando Desafios
Enquanto tentava se adaptar à doença recém descoberta, em março de 2006 Lu é surpreendida por outro desafio, o falecimento do pai aos 63 anos em decorrência de problemas cardíacos. “Ele era a minha vida, o segundo pai para as minhas filhas”, lembra. Foi um choque muito grande e Lu entrou numa depressão profunda com síndrome do pânico.
Como se não fosse o bastante, uma tragédia sobreveio à família logo em seguida. O irmão mais velho dela foi uma das vítimas do acidente aéreo da Gol, causado por um jato Légaci, ocorrido no Brasil com repercussões no mundo todo. Lu teve que reunir forças para enfrentar a situação, encarar a tragédia e esteve à frente de uma associação de suporte às famílias da vítima durante o período de investigação, tendo feito diversas viagens no período.
Como era esperado, a artrite se agravou e foi um momento extremamente crítico na vida dela, tendo que ficar acamada sem se mexer e até fazer uso de uma cadeira de roda. Com as constantes internações, foi avisada por seu médico em 2011 que precisaria fazer quimioterapia.
“Foi uma bomba muito grande, não é fácil receber essa notícia, mas pela dor e pelo tratamento eu quero viver, o senhor vai me ajudar”, lembra ela de ter dito ao médico, pedindo ajuda para continuar vivendo, criar as filhas e ver elas se formarem.
“Minha maior glória na vida foi vencer tudo isso até hoje”, afirma. A vontade de viver foi maior e anos depois ela conseguiu participar da formatura em Direito da primeira filha, foi um momento muito emocionante. Todos na faculdade da filha eram sabedores da luta pela vida de Lu. No dia da diplomação, Lu levantou uma faixa com os seguintes dizeres: “você é meu orgulho, você é minha vida, te amo, Parabéns Dra Gabriele”, sendo aplaudida do palco por professores e alunos.
“Ali era minha glória, eu tinha vencido todos aqueles anos, eu consegui, porque eu queria estar lá e falei que ia estar lá”, emociona-se ao relembrar.
Cinco anos depois ela repetiu o gesto emocionante, desta vez na formatura em Direito da filha Isabele, sendo novamente aplaudida de pé. “meus orgulhos, o que eu deixo de herança para as minhas filhas, não é dinheiro, bens imobiliários, eu deixo educação, a força espiritual, a coragem e o caráter”, diz.
“Eu quero viver e mostrar a importância do dia de hoje, do presente. Minhas ferramentas para continuar vivendo são meu presente, minha saúde, minha Família, Minha fé, seguro minhas ferramentas porque são elas que me deixam em pé. Obstáculos na vida nós vamos ter sempre, precisa ter esperança, coragem, lutar, acender luz própria. Amor próprio, se amando, sendo feliz da alma”, aconselha.
Hoje ela inspira outras pessoas através do seu perfil. “Eu decidi fazer alguma coisa para essas mulheres, pra essas pessoas, porque eles têm vida pela frente, eles têm que lutar pela vida e ter qualidade de vida, mesmo que eles estejam olhando a morte”, diz, aconselhando com sabedoria. “Todos os dias nós temos uma folha em branco pra escrever a nossa vida. O livro não se fechou ainda”.